Quando os Alemães da Mercedes conquistaram a Fórmula 1
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Quando os Alemães da Mercedes conquistaram a Fórmula 1
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Quando os alemães da Mercedes conquistaram a Fórmula 1
POR - PETER OROSZ - 14 MAR, 2012 - 09:02
36
Desde seu retorno à Fórmula 1 a Mercedes-Benz ainda não conseguiu repetir os pódios tão comuns em sua primeira incursão na categoria, quando estreou com uma dobradinha de seus lendários W196 em 1954.
Como todas as grandes histórias no automobilismo, esta estréia arrasadora é uma história de inovação, pessoas certas na hora certa e uma pitada de traição por cima de tudo. Ela começou em um dia de novembro de 1953.
Era a conclusão da quarta temporada da Fórmula 1, somente oito anos depois da derrota alemã na Segunda Guerra. Dominada por Alberto Ascari em sua pequena Ferrari 500, o novo esporte estava prestes a passar por sua terceira grande mudança no regulamento em quatro anos: a temporada de 1954 abandonaria as regras da Fórmula 2 usadas em 1952 e 1953 e ditaria um deslocamento máximo de 750 cm³ para motores sobrealimentados e 2.500 cm³ para motores atmosféricos.
A Mercedes-Benz, impulsionada por sua vitória na Carrera Panamericana com o 300SL Gullwing, decidiu entrar na Fórmula 1. A velha equipe que dominou os antigos Grandes Prêmios anteriores à guerra com suas Flechas de Prata estava de volta. O chefe de equipe Alfred Neubauer – o homem que inventou a sinalização de pit-stop – voltou com seu chapéu, sua capa e seus cronômetros, enquanto o diretor técnico Rudolf Uhlenhaut foi encarregado de criar um novo carro do zero, chamado W196 R.
E que carro ele se tornou! O motor era um oito-em-linha de 2,5 litros, com injeção mecânica de combustível e aspiração natural, movido a um coquetel de benzeno, metileno, gasolina, acetona e nitro. O cabeçote tinha válvulas desmodrômicas – usadas hoje apenas nas motos Ducati – que permitiam que o motor girasse mais alto que os equipados com as molas da década de 1950. O motor era inclinado 37 graus à direita para permitir um capô mais baixo e uma área frontal reduzida. O carro era revestido por folhas de Elektron, uma liga ultraleve e inflamável de magnésio.
Quando a equipe de Uhlenhaut ficou pronta, a temporada de 1954 já havia começado, e Juan Manuel Fangio arrancava vitórias com seu novo Maserati 250F. Mas foi difícil para o argentino resistir aos encantos da nova Mercedes, e depois de vencer dois dos três primeiros GP da temporada, Fangio trocou seu Maserati pelo W196. Depois de uma ausência de 15 anos, o palco estava pronto para a estreia da Mercedes-Benz em 4 de julho, no Grande Prêmio da França, realizado no velocíssimo circuito de Reims-Gueux.
Os testes e ajustes continuaram mesmo depois que Fangio e seu companheiro de equipe Karl Kling – que teve um abutre atravessando seu para-brisa dois anos antes na Carrera Panamericana – conquistaram as primeiras duas posições na classificação. O consumo de combustível estava mais elevado que o esperado, e em uma incrível manobra o diretor técnico Uhlenhaut pegou seu próprio 300SL e dirigiu até a sede da fabricante em Stuttgart para fazer tanques de combustível maiores para os W196. Sem abutres nas Autobahn e às 14h45 do dia seguinte Fangio e Kling largaram na corrida de 480 km.
Foi um massacre. Os carros aerodinâmicos abriam quatro segundos por volta em relação aos outros corredores. Quando Fangio recebeu a bandeirada a apenas meio carro à frente de Kling, eles eram os únicos dois carros na mesma volta. Dois Maserati, duas Ferrari e um solitário Gordini pilotado por Jean Behra chegaram muito depois deles.
Coincidentemente, foi neste mesmo dia que a seleção de futebol da Alemanha bateu um dos maiores times de todos os tempos na final da Copa de 1954, na Suíça: “O Time de Ouro” da Hungria de Púskas, derrotado depois de uma sequência initerrupta de 33 vitórias.
O W196 venceria oito das 11 corridas seguintes. A carroceria aerodinâmica foi substituída por uma versão de rodas descobertas para circuitos mais travados, e um jovem Stirling Moss juntou-se a Fangio na temporada de 1955.
A Mercedes-Benz também inscreveu o carro nas corridas de carros esporte com o nome 300SLR, com a cilindrada aumentada para três litros, produzindo 300 cv. Este foi o carro que levou Stirling Moss à sua famosa vitória na Mille Miglia – e que semanas mais tarde seria catapultado sobre o público em Le Mans, onde ficou claro quão inflamável era o chassi de Elektron. Mais de 80 pessoas morreram no acidente, incluindo o piloto Pierre Levegh.
O acidente decretou o fim do W196 e seus irmãos. Neubauer retirou o 300SLR que liderava a prova pouco depois do acidente. No fim da temporada, com Fangio recebendo o título de campeão da F1 com o W196 e a equipe conquistando o Campeonato Mundial de Carros Esporte com o 300SLR, a Mercedes-Benz retirou-se completamente do automobilismo.
Fangio seria campeão mais duas vezes. Suas vitórias vieram em carros que ele havia derrotado com seu Mercedes: o Lancia-Ferrari D50, e em seu último campeonato, de 1957, o mesmo Maserati 250F que ele havia abandonado três anos antes para guiar o W196.
O 300SLR foi usado dariamente por Rudolf Uhlenhaut, que transformou o carro em um cupê legalizado para as ruas que usava para ir ao trabalho.
A Flecha de Prata capaz de atingir 290 km/h em uma triste e cinzenta Europa pós-guerra, cruzava as rodovias vazias em alta velocidade, buscando sempre uma pista onde jamais colocaria suas rodas novamente.
Por outro lado, deve ter dado ao filho de Uhlenhaut uma infância memorável:
Quando os alemães da Mercedes conquistaram a Fórmula 1
POR - PETER OROSZ - 14 MAR, 2012 - 09:02
36
Desde seu retorno à Fórmula 1 a Mercedes-Benz ainda não conseguiu repetir os pódios tão comuns em sua primeira incursão na categoria, quando estreou com uma dobradinha de seus lendários W196 em 1954.
Como todas as grandes histórias no automobilismo, esta estréia arrasadora é uma história de inovação, pessoas certas na hora certa e uma pitada de traição por cima de tudo. Ela começou em um dia de novembro de 1953.
Era a conclusão da quarta temporada da Fórmula 1, somente oito anos depois da derrota alemã na Segunda Guerra. Dominada por Alberto Ascari em sua pequena Ferrari 500, o novo esporte estava prestes a passar por sua terceira grande mudança no regulamento em quatro anos: a temporada de 1954 abandonaria as regras da Fórmula 2 usadas em 1952 e 1953 e ditaria um deslocamento máximo de 750 cm³ para motores sobrealimentados e 2.500 cm³ para motores atmosféricos.
A Mercedes-Benz, impulsionada por sua vitória na Carrera Panamericana com o 300SL Gullwing, decidiu entrar na Fórmula 1. A velha equipe que dominou os antigos Grandes Prêmios anteriores à guerra com suas Flechas de Prata estava de volta. O chefe de equipe Alfred Neubauer – o homem que inventou a sinalização de pit-stop – voltou com seu chapéu, sua capa e seus cronômetros, enquanto o diretor técnico Rudolf Uhlenhaut foi encarregado de criar um novo carro do zero, chamado W196 R.
E que carro ele se tornou! O motor era um oito-em-linha de 2,5 litros, com injeção mecânica de combustível e aspiração natural, movido a um coquetel de benzeno, metileno, gasolina, acetona e nitro. O cabeçote tinha válvulas desmodrômicas – usadas hoje apenas nas motos Ducati – que permitiam que o motor girasse mais alto que os equipados com as molas da década de 1950. O motor era inclinado 37 graus à direita para permitir um capô mais baixo e uma área frontal reduzida. O carro era revestido por folhas de Elektron, uma liga ultraleve e inflamável de magnésio.
Quando a equipe de Uhlenhaut ficou pronta, a temporada de 1954 já havia começado, e Juan Manuel Fangio arrancava vitórias com seu novo Maserati 250F. Mas foi difícil para o argentino resistir aos encantos da nova Mercedes, e depois de vencer dois dos três primeiros GP da temporada, Fangio trocou seu Maserati pelo W196. Depois de uma ausência de 15 anos, o palco estava pronto para a estreia da Mercedes-Benz em 4 de julho, no Grande Prêmio da França, realizado no velocíssimo circuito de Reims-Gueux.
Os testes e ajustes continuaram mesmo depois que Fangio e seu companheiro de equipe Karl Kling – que teve um abutre atravessando seu para-brisa dois anos antes na Carrera Panamericana – conquistaram as primeiras duas posições na classificação. O consumo de combustível estava mais elevado que o esperado, e em uma incrível manobra o diretor técnico Uhlenhaut pegou seu próprio 300SL e dirigiu até a sede da fabricante em Stuttgart para fazer tanques de combustível maiores para os W196. Sem abutres nas Autobahn e às 14h45 do dia seguinte Fangio e Kling largaram na corrida de 480 km.
Foi um massacre. Os carros aerodinâmicos abriam quatro segundos por volta em relação aos outros corredores. Quando Fangio recebeu a bandeirada a apenas meio carro à frente de Kling, eles eram os únicos dois carros na mesma volta. Dois Maserati, duas Ferrari e um solitário Gordini pilotado por Jean Behra chegaram muito depois deles.
Coincidentemente, foi neste mesmo dia que a seleção de futebol da Alemanha bateu um dos maiores times de todos os tempos na final da Copa de 1954, na Suíça: “O Time de Ouro” da Hungria de Púskas, derrotado depois de uma sequência initerrupta de 33 vitórias.
O W196 venceria oito das 11 corridas seguintes. A carroceria aerodinâmica foi substituída por uma versão de rodas descobertas para circuitos mais travados, e um jovem Stirling Moss juntou-se a Fangio na temporada de 1955.
A Mercedes-Benz também inscreveu o carro nas corridas de carros esporte com o nome 300SLR, com a cilindrada aumentada para três litros, produzindo 300 cv. Este foi o carro que levou Stirling Moss à sua famosa vitória na Mille Miglia – e que semanas mais tarde seria catapultado sobre o público em Le Mans, onde ficou claro quão inflamável era o chassi de Elektron. Mais de 80 pessoas morreram no acidente, incluindo o piloto Pierre Levegh.
O acidente decretou o fim do W196 e seus irmãos. Neubauer retirou o 300SLR que liderava a prova pouco depois do acidente. No fim da temporada, com Fangio recebendo o título de campeão da F1 com o W196 e a equipe conquistando o Campeonato Mundial de Carros Esporte com o 300SLR, a Mercedes-Benz retirou-se completamente do automobilismo.
Fangio seria campeão mais duas vezes. Suas vitórias vieram em carros que ele havia derrotado com seu Mercedes: o Lancia-Ferrari D50, e em seu último campeonato, de 1957, o mesmo Maserati 250F que ele havia abandonado três anos antes para guiar o W196.
O 300SLR foi usado dariamente por Rudolf Uhlenhaut, que transformou o carro em um cupê legalizado para as ruas que usava para ir ao trabalho.
A Flecha de Prata capaz de atingir 290 km/h em uma triste e cinzenta Europa pós-guerra, cruzava as rodovias vazias em alta velocidade, buscando sempre uma pista onde jamais colocaria suas rodas novamente.
Por outro lado, deve ter dado ao filho de Uhlenhaut uma infância memorável:
Gustavo Vanesghick- Usuário Platina
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