AMG - A fábrica dos sonhos
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Gustavo Vanesghick
Adilson Azevedo
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AMG - A fábrica dos sonhos
AMG, a fábrica de sonhos.
Em 1919, na Alemanha, uma escola de design e arquitetura do pós-guerra quis reunir duas atividades que estavam distanciadas: arte e artesanato. Seu objetivo, entre outros, era promover criações artísticas altamente funcionais. Passados 91 anos, os alemães ainda são influenciados pela Bauhaus: na cidade campestre de Affalterbach, constroem verdadeiras obras-primas cuja função é divertir entusiastas da velocidade. Sejam bem-vindos ao “maravilhoso mundo” da AMG, especializada em tornar ainda mais exclusivos os modelos Mercedes-Benz.
No ano passado, a empresa desenvolveu inteiramente seu novo veículo, o SLS AMG, e mostrou que está pronta para ser reconhecida não só como preparadora, mas como montadora de automóveis. Para seguir na vanguarda da esportividade, acaba de apresentar o motor M157, um 5.5 V8 com 544 cv (571 cv com pacote de performance) e 81,57 kgfm (91,77 kgfm). Substituto do 6.2 M156, ele usa injeção direta de combustível e dois turbo compressores para garantir alta potência com menor cilindrada e baixo consumo de gasolina.
O propulsor estreará no S63 AMG em setembro, e chegará ao Brasil em janeiro de 2011. Vai trocar figurinhas com o câmbio Speedshift MCT de sete marchas e com a nova geração de controle de eficiência. Ele foi feito de acordo com o conceito de downsizing, também ligado ao ideário “bauhausiano” de que “menos é mais”. Apesar de inspirada em uma filosofia do século passado, a tecnologia aponta a direção que a AMG seguirá até 2015, no que se refere ao tamanho dos motores.
No que diz respeito ao volume de produção, o M157 busca o que pode soar como heresia aos mais puristas: ampliar o número de clientes, com foco no segmento de compactos. “Esse motor é um dos pilares para a estratégia de abrir novos mercados, principalmente onde o consumo reduzido é muito importante”, diz Anton Kerckhoff, projetista de motores da AMG. Isso será feito, segundo a empresa, sem abandonar o princípio “um homem, um motor”, que tanto valoriza a imagem dos modelos que recebem as três letrinhas na carroceria.
Autoesporte viu de perto a primazia desse modo de produção. Enquanto alfaiates e relojoeiros entram em extinção ao redor do mundo, os 65 mecânicos da AMG seguem seu minucioso trabalho artesanal de montar cada peça do motor. O mesmo profissional constrói o propulsor do começo ao fim, uma atividade que consome três horas; cinco, se for um V12. Ele tem um carrinho no qual leva o propulsor pelas diferentes etapas de montagem. Essa “estação de trabalho” tem um computador com conexão sem fio ao programa AMG Trace System, responsável por documentar todos os parâmetros do processo, do torque que deve ser aplicado aos parafusos, até a quantidade de fluido adequada.
Depois de pronto, o propulsor passa por uma bateria de testes para verificar se há vazamentos. Em um deles, injeta-se gás hélio no bloco à pressão de 6 bar (cerca de seis vezes a pressão atmosférica) para assegurar o aparafusamento correto das conexões. Mesmo o menor escape do gás é detectado por uma sonda. Se isso ocorre, o mecânico tem de localizar o ponto de vazão e corrigi-lo antes de levar o motor para avaliação dos componentes eletrônicos. Ao fim dessa fase, um sistema aspira o hélio para não deixar padrões errados nos testes seguintes.
O próximo passo é o teste a frio, ou seja, sem dar partida. Todos os motores da AMG passam por esse exame que verifica suas funções – exceto a potência, aferida no “teste quente”. A essa prova são submetidos em sua totalidade os V12 e as unidades que equipam o SLS. Nos demais, a avaliação é feita em 1% ou 2% da produção.
As dependências da fábrica, impecavelmente limpas e organizadas, exalam emoção. É impossível não se admirar ao ver os mecânicos encaixarem cada componente daquelas máquinas. Válvulas, pistões e virabrequins ganham status e tratamento de peças de arte. O auge da visita, como ocorre para todo fã diante do ídolo, é o momento do autógrafo: quando o motor recebe uma placa com a assinatura do mecânico responsável por sua montagem. Um atestado da atenção exclusiva dedicada a ele.
O nível de cuidado chega a enrubescer os propulsores. Em um dos nove dinamômetros da fábrica, a simulação leva o M157 ao limite. As rotações chegam a 6.000 rpm. A velocidade, a 420 km/h. As turbinas se aquecem, bem como o sistema de escapamento. Tudo fica vermelho, e não é de vergonha. Para acompanhar a exibição, é preciso ficar separado por um vidro com 5 cm de espessura. Ainda assim, ouve-se o ronco vigoroso do propulsor.
A fábrica da AMG foi inaugurada em 1967 com uma loja que abrigava dois veículos. Hoje, ocupa 50 mil m2 e reserva parte do espaço a uma ampla oficina. Dividida em duas partes, a “garagem” recebe modelos que vão passar por modificações internas e externas. Eles vão para lá quando o nível de personalização “não pode ser feito na linha de montagem”, diz Gerhard Benseg-ger, treinador de formação profissional e guia da visita. Era o caso do CL65 V12 biturbo com pintura exclusiva, estacionado ali. Além de estofamento especial e câmera no para-brisa, ele recebeu uma antena para impedir que seja detectado por ondas de rádio. As peças substituídas na preparação são vendidas no mercado de usados. E uma modificação como essa soma 300 mil euros ao valor do automóvel.
A Bauhaus pensava em bens de consumo voltados para a produção em massa. Embora a AMG caminhe para uma tentativa de “popularização”, ainda está bem distante disso. Mas honra as origens desse design, com excelência no equilíbrio entre forma e função. E automóveis considerados objetos de arte.
REVISTA AUTO ESPORTE - 31/05/2010
Em 1919, na Alemanha, uma escola de design e arquitetura do pós-guerra quis reunir duas atividades que estavam distanciadas: arte e artesanato. Seu objetivo, entre outros, era promover criações artísticas altamente funcionais. Passados 91 anos, os alemães ainda são influenciados pela Bauhaus: na cidade campestre de Affalterbach, constroem verdadeiras obras-primas cuja função é divertir entusiastas da velocidade. Sejam bem-vindos ao “maravilhoso mundo” da AMG, especializada em tornar ainda mais exclusivos os modelos Mercedes-Benz.
No ano passado, a empresa desenvolveu inteiramente seu novo veículo, o SLS AMG, e mostrou que está pronta para ser reconhecida não só como preparadora, mas como montadora de automóveis. Para seguir na vanguarda da esportividade, acaba de apresentar o motor M157, um 5.5 V8 com 544 cv (571 cv com pacote de performance) e 81,57 kgfm (91,77 kgfm). Substituto do 6.2 M156, ele usa injeção direta de combustível e dois turbo compressores para garantir alta potência com menor cilindrada e baixo consumo de gasolina.
O propulsor estreará no S63 AMG em setembro, e chegará ao Brasil em janeiro de 2011. Vai trocar figurinhas com o câmbio Speedshift MCT de sete marchas e com a nova geração de controle de eficiência. Ele foi feito de acordo com o conceito de downsizing, também ligado ao ideário “bauhausiano” de que “menos é mais”. Apesar de inspirada em uma filosofia do século passado, a tecnologia aponta a direção que a AMG seguirá até 2015, no que se refere ao tamanho dos motores.
No que diz respeito ao volume de produção, o M157 busca o que pode soar como heresia aos mais puristas: ampliar o número de clientes, com foco no segmento de compactos. “Esse motor é um dos pilares para a estratégia de abrir novos mercados, principalmente onde o consumo reduzido é muito importante”, diz Anton Kerckhoff, projetista de motores da AMG. Isso será feito, segundo a empresa, sem abandonar o princípio “um homem, um motor”, que tanto valoriza a imagem dos modelos que recebem as três letrinhas na carroceria.
Autoesporte viu de perto a primazia desse modo de produção. Enquanto alfaiates e relojoeiros entram em extinção ao redor do mundo, os 65 mecânicos da AMG seguem seu minucioso trabalho artesanal de montar cada peça do motor. O mesmo profissional constrói o propulsor do começo ao fim, uma atividade que consome três horas; cinco, se for um V12. Ele tem um carrinho no qual leva o propulsor pelas diferentes etapas de montagem. Essa “estação de trabalho” tem um computador com conexão sem fio ao programa AMG Trace System, responsável por documentar todos os parâmetros do processo, do torque que deve ser aplicado aos parafusos, até a quantidade de fluido adequada.
Depois de pronto, o propulsor passa por uma bateria de testes para verificar se há vazamentos. Em um deles, injeta-se gás hélio no bloco à pressão de 6 bar (cerca de seis vezes a pressão atmosférica) para assegurar o aparafusamento correto das conexões. Mesmo o menor escape do gás é detectado por uma sonda. Se isso ocorre, o mecânico tem de localizar o ponto de vazão e corrigi-lo antes de levar o motor para avaliação dos componentes eletrônicos. Ao fim dessa fase, um sistema aspira o hélio para não deixar padrões errados nos testes seguintes.
O próximo passo é o teste a frio, ou seja, sem dar partida. Todos os motores da AMG passam por esse exame que verifica suas funções – exceto a potência, aferida no “teste quente”. A essa prova são submetidos em sua totalidade os V12 e as unidades que equipam o SLS. Nos demais, a avaliação é feita em 1% ou 2% da produção.
As dependências da fábrica, impecavelmente limpas e organizadas, exalam emoção. É impossível não se admirar ao ver os mecânicos encaixarem cada componente daquelas máquinas. Válvulas, pistões e virabrequins ganham status e tratamento de peças de arte. O auge da visita, como ocorre para todo fã diante do ídolo, é o momento do autógrafo: quando o motor recebe uma placa com a assinatura do mecânico responsável por sua montagem. Um atestado da atenção exclusiva dedicada a ele.
O nível de cuidado chega a enrubescer os propulsores. Em um dos nove dinamômetros da fábrica, a simulação leva o M157 ao limite. As rotações chegam a 6.000 rpm. A velocidade, a 420 km/h. As turbinas se aquecem, bem como o sistema de escapamento. Tudo fica vermelho, e não é de vergonha. Para acompanhar a exibição, é preciso ficar separado por um vidro com 5 cm de espessura. Ainda assim, ouve-se o ronco vigoroso do propulsor.
A fábrica da AMG foi inaugurada em 1967 com uma loja que abrigava dois veículos. Hoje, ocupa 50 mil m2 e reserva parte do espaço a uma ampla oficina. Dividida em duas partes, a “garagem” recebe modelos que vão passar por modificações internas e externas. Eles vão para lá quando o nível de personalização “não pode ser feito na linha de montagem”, diz Gerhard Benseg-ger, treinador de formação profissional e guia da visita. Era o caso do CL65 V12 biturbo com pintura exclusiva, estacionado ali. Além de estofamento especial e câmera no para-brisa, ele recebeu uma antena para impedir que seja detectado por ondas de rádio. As peças substituídas na preparação são vendidas no mercado de usados. E uma modificação como essa soma 300 mil euros ao valor do automóvel.
A Bauhaus pensava em bens de consumo voltados para a produção em massa. Embora a AMG caminhe para uma tentativa de “popularização”, ainda está bem distante disso. Mas honra as origens desse design, com excelência no equilíbrio entre forma e função. E automóveis considerados objetos de arte.
REVISTA AUTO ESPORTE - 31/05/2010
Última edição por Adilson Azevedo em Qui 23 Ago 2012, 15:04, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Tamanho fonte)
Adilson Azevedo- Usuário Ouro
- Mensagens : 916
Data de inscrição : 06/08/2012
Idade : 56
Re: AMG - A fábrica dos sonhos
Qualquer semelhância com um alfaiate produzindo os melhores ternos italianos, ou um relojoeiro suiço, são mera coincidência...A AMG supera todos os parâmetros existentes de exclusividade e refinamento técnico. Uma verdadeira fábrica de sonhos!
Gustavo Vanesghick- Usuário Platina
- Mensagens : 2196
Data de inscrição : 06/08/2012
Idade : 50
Re: AMG - A fábrica dos sonhos
É o que alguem falou em outro tópico. Quem não conhece o que é uma AMG passa a compara-la com outro carro ou até mesmo com a mesma carroceria.
Não tem como comparar.
Um exemplo é quando eu fui buscar a w204 na CC, meu irmão viu a C63AMG e disse: Que roda bonita, porque você não escolheu essa? Eu ri e falei que para ter estas rodas, tinha que pagar mais uns 300 mil pelo carro. Ele, com cara séria, olhou pra minha, olhou pra AMG e falou: "Que idiota paga mais 300 mil prum carro igual o seu? Só por estas rodas e esse para choque barango?"
Isso resume =)
Abs a todos
Não tem como comparar.
Um exemplo é quando eu fui buscar a w204 na CC, meu irmão viu a C63AMG e disse: Que roda bonita, porque você não escolheu essa? Eu ri e falei que para ter estas rodas, tinha que pagar mais uns 300 mil pelo carro. Ele, com cara séria, olhou pra minha, olhou pra AMG e falou: "Que idiota paga mais 300 mil prum carro igual o seu? Só por estas rodas e esse para choque barango?"
Isso resume =)
Abs a todos
Luisfcm- Usuário Ouro
- Mensagens : 526
Data de inscrição : 06/08/2012
Re: AMG - A fábrica dos sonhos
Bela história.
jrcl23- Usuário Platina
- Mensagens : 1399
Data de inscrição : 05/08/2012
Idade : 62
Re: AMG - A fábrica dos sonhos
Bela estória...
valeu meu caro.
abs.
valeu meu caro.
abs.
pedroalexrj- Usuário Platina
- Mensagens : 1697
Data de inscrição : 12/08/2012
Idade : 49
Re: AMG - A fábrica dos sonhos
Bela reportagem.
Berantis- Usuário Platina
- Mensagens : 2472
Data de inscrição : 09/08/2012
Idade : 64
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