Inventora do carro, Mercedes Benz tenta equilibrar tradição e inovação
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Inventora do carro, Mercedes Benz tenta equilibrar tradição e inovação
Fonte: Globonews
Técnicos altamente especializados fazem motores de forma quase artesanal.
Museu e oficina contam a história da marca e preservam modelos clássicos.
Na cidade de Affalbaterbach, na Alemanha, fica a AMG, de onde saem motores que são objeto de desejo dos apaixonados por carros. A sigla, que une os nomes dos fundadores da empresa, Aufrecht e Melcher, ao da cidade natal de um deles, Grossaspach, representa o que existe de mais possante em um Mercedes Benz.
Fundada nos anos 60, a AMG pertence à Daimler, conglomerado da Mercedes desde 2005. Na fábrica, funciona a filosofia “um homem, um motor”. Técnicos altamente especializados cuidam da produção do início ao fim e, quando pronta, a máquina ganha a assinatura de quem fez todo o processo. “Muitos clientes do mundo todo me visitam por terem lido o meu nome nos seus motores”, conta o engenheiro Dennis Daumann. Formado em mecatrônica, ele produz três peças por dia na linha de montagem de oito cilindros.
Por semana, são fabricados até 600 motores V8 e V12, que serão o coração de carros que primam pelo desempenho e precisam estar em um patamar à altura de quem pode pagar pelo menos € 73 mil no mercado alemão, cerca de R$ 197 mil. Há ainda pacotes de customização para os veículos e os acabamentos podem até ser em ouro. “Nós customizamos os carros e também adaptamos para as pistas de corrida em nossos estúdios”, destaca o CEO da AMG, Ola Kalenius. No Brasil, existe público para todo esse luxo. Já existem oito deles no país, sendo cinco em São Paulo.
Em um mercado em que os clientes estão dispostos a pagar altas cifras por um automóvel, as marcas investem pesado em tecnologia, meio ambiente, design e conforto, além de buscar um diferenciado. “Todas elas têm códigos e atributos muito definidos. O que mais estimula o tomador de decisão da Mercedes é a tradição; na Ferrari, o poder; na Audi, a velocidade com o design; na Bentley e na Rolls Royce, a aristocracia do feito à mão”, compara o consultor Carlos Ferreirinha.
O lastro de cada marca só não pode virar um peso que impeça eventuais e necessárias guinadas na direção. É preciso traduzir os novos tempos e se atualizar. “A Mercedes acabou ficando com uma imagem senhorial, carro de coroa. Enquanto isso, a concorrência estava fazendo carros cada vez mais agressivos, com cara mais esportiva. O que a Mercedes está fazendo hoje é tentar dar um apelo mais jovem”, destaca o jornalista Jason Vogel, que é especializado em automobilismo.
Uma das estratégias para rejuvenescer a marca é o novo Classe A, que chega ao mercado europeu a partir de € 25 mil, o equivalente a R$ 67,5 mil. O antigo foi um modelo polêmico, mas vendeu bastante no Brasil até sair de linha. O carro capotou em um teste de estabilidade de uma prestigiada revista automotiva sueca, o que fez mal à imagem da Mercedes.
O segmento de importados enfrenta dificuldades no país. As vendas de carros fabricados no exterior caíram pela metade no ano passado, efeito, principalmente, do aumento do imposto. “O maior obstáculo hoje é a carga tributária no Brasil. Você tem o imposto de importação de 35%. Depois, o IPI e o ICMS”, afirma o vice-presidente de marketing Philipp Schiemer.
Mas a empresa não vai mal no país. Segundo dados de associações que representar o setor automotivo, a montadora alemã fechou o ano passado com a 16ª posição em vendas de automóvel no Brasil. Ficou na frente de marcas concorrentes BMW e Land Rover. A Audi, que já teve a preferência entre os importados, estava no 20º lugar.
Enquanto os carros da Mercedes fazem suas curvas de vendas ao sabor da política de importação, os caminhões trafegam em uma estrada mais tranquila. Inaugurada em 1956, a fábrica em São Bernardo do Campo foi a primeira linha de montagem de produção de caminhões no país, parte da estratégia de desenvolvimento do presidente Juscelino Kubitschek.
A empresa vende mais caminhões e ônibus no Brasil do que automóveis, ao contrário do que acontece mundo afora. “No ano passado, vendemos em torno de 44 mil caminhões no mercado brasileiro e 10 mil automóveis”, diz Schiemer. No entanto, o faturamento dos carros é bem maior do que o dos demais veículos. O maior mercado da Mercedes ainda é a Alemanha, embora projeções da montadora indiquem que, nos próximos três ou quatro anos, a China irá tomar o posto.
A trajetória do símbolo de três pontas se confunde com a história da locomoção sobre quatro rodas desde o fim do século XIX. Os homens que estão na origem da marca Mercedes Benz são nada menos que os inventores do automóvel.
Em 1886, Gottlieb Daimler desenvolveu um motor de apenas um cilindro que foi o primeiro mecanismo a produzir movimento a partir da combustão da gasolina, sendo pequeno o bastante para ser instalado em uma carruagem. Ao mesmo tempo, em outra cidade alemã, Carl Benz registrava a primeira patente de um veículo movido à gasolina.
Eles criaram empresas diferentes que, nos anos 20, se juntaram, dando origem à Daimler-Benz. Hoje, a Dailmer AG é a mãe da Mercedes Benz. Carl e Gottlieb, apesar de terem morado a algumas dezenas de quilômetros um do outro, nunca se conheceram pessoalmente.
Estas curiosidades estão contadas no museu da Mercedes em Stuttgart. O acervo passa por motores criados durante a Segunda Guerra Mundial, pela popularização do automóvel nos anos 50 e pela preocupação com segurança que surge nos anos 60. O espaço conta também a história de Emil Jellineck. Austríaco muito rico, ele gostava de correr e, no começo do século XX, era o principal cliente da firma Daimler. Como os carros da época não eram bons o bastante, ele encomendou a Daimler um carro especial, com uma série de inovações tecnológicas, como sistema para resfriar o motor, motor frontal, uma outra posição do volante e pneus de borracha. A equipe de Jellineck, que se chamava Mercedes em homenagem à filha do piloto, venceu a corrida de 1901 e o carro ganhou o mercado.
Apenas duas décadas mais tarde, quando a empresa de Gottlieb Daimler se fundiu à de Carl Benz surgiu o nome Mercedes Benz. É dessa época a adoção da estrela de três pontas, em que cada haste representa uma forma de transporte humano: na terra, na água e no ar.
Apesar de todo esse currículo, nem todo mundo associa a Mercedes ao DNA do automóvel. “Henry Ford foi o primeiro a popularizar o automóvel. Fez a linha de produção e, com isso, conseguiu baratear muito o preço e espalhou os carros dele para o mundo inteiro. Mas, bem antes disso, Daimler e Benz já faziam automóveis, só que não eram populares”, conta Jason Vogel.
Para o jornalista, a força é a principal característica da Mercedes. “É um tanque. Você sente que ele pode durar a vida inteira, ao mesmo tempo em que é elegante, bem acertado, tem bom motor. É perfeição técnica”, afirma. É isso que valoriza os carros da marca que têm décadas de uso.
As raridades se tornam troféus nas mãos dos colecionadores. No Classic Center, no subúrbio de Stuttgart, fica a oficina dos clássicos. Além de exemplares que pertencem aos arquivos da Mercedes, passam por lá anualmente cerca de 20 automóveis de colecionadores do mundo inteiro.
A restauração é minuciosa e, se a demanda justificar, peças não disponíveis podem ser fabricadas. “Nossa filosofia é que todos os carros em nossa coleção estejam prontos para serem dirigidos. É fundamental que funcionem”, aponta o responsável pelo arquivo, Michael Bock. Se fossem vendidos, alguns modelos poderiam custar entre € 50 e € 60 milhões.
Enquanto preserva o passado, a Mercedes Benz não descuida do futuro. A empresa trabalha em três linhas rumo à sustentabilidade. Existe o carro híbrido, que usa gasolina e eletricidade, o que é 100% elétrico e um outro que emprega a tecnologia conhecida como fuel cell, que não emite gás carbônico . O uso do hidrogênio ainda é polêmico, pois deve ser obtido a partir de outras fontes de energia, preferencialmente a eletrólise da água. “Ainda tem muitos obstáculos a vencer, principalmente no que se refere à infraestrutura para abastecer”, aponta Philipp Schiemer.
Segundo o vice-presidente de marketing, a tecnologia que deve estar disponível em menos tempo é a MB Inteligence Drive. “O carro é inteligente, consegue detectar situações do trânsito mais rápido do que o condutor e pode ajudá-lo a tomar as decisões corretas”, diz.
Inovar já faz parte da tradição. Dispositivos hoje corriqueiros, como o airbag e o sistema ABS, que evita o travamento dos freios, foram um dia ideias nas pranchetas das montadoras e seus parceiros. É o que pauta a Mercedes Benz até hoje, assim como o lema de Gottlieb Daimler: “O melhor, ou nada”.
Técnicos altamente especializados fazem motores de forma quase artesanal.
Museu e oficina contam a história da marca e preservam modelos clássicos.
Na cidade de Affalbaterbach, na Alemanha, fica a AMG, de onde saem motores que são objeto de desejo dos apaixonados por carros. A sigla, que une os nomes dos fundadores da empresa, Aufrecht e Melcher, ao da cidade natal de um deles, Grossaspach, representa o que existe de mais possante em um Mercedes Benz.
Fundada nos anos 60, a AMG pertence à Daimler, conglomerado da Mercedes desde 2005. Na fábrica, funciona a filosofia “um homem, um motor”. Técnicos altamente especializados cuidam da produção do início ao fim e, quando pronta, a máquina ganha a assinatura de quem fez todo o processo. “Muitos clientes do mundo todo me visitam por terem lido o meu nome nos seus motores”, conta o engenheiro Dennis Daumann. Formado em mecatrônica, ele produz três peças por dia na linha de montagem de oito cilindros.
Por semana, são fabricados até 600 motores V8 e V12, que serão o coração de carros que primam pelo desempenho e precisam estar em um patamar à altura de quem pode pagar pelo menos € 73 mil no mercado alemão, cerca de R$ 197 mil. Há ainda pacotes de customização para os veículos e os acabamentos podem até ser em ouro. “Nós customizamos os carros e também adaptamos para as pistas de corrida em nossos estúdios”, destaca o CEO da AMG, Ola Kalenius. No Brasil, existe público para todo esse luxo. Já existem oito deles no país, sendo cinco em São Paulo.
Em um mercado em que os clientes estão dispostos a pagar altas cifras por um automóvel, as marcas investem pesado em tecnologia, meio ambiente, design e conforto, além de buscar um diferenciado. “Todas elas têm códigos e atributos muito definidos. O que mais estimula o tomador de decisão da Mercedes é a tradição; na Ferrari, o poder; na Audi, a velocidade com o design; na Bentley e na Rolls Royce, a aristocracia do feito à mão”, compara o consultor Carlos Ferreirinha.
O lastro de cada marca só não pode virar um peso que impeça eventuais e necessárias guinadas na direção. É preciso traduzir os novos tempos e se atualizar. “A Mercedes acabou ficando com uma imagem senhorial, carro de coroa. Enquanto isso, a concorrência estava fazendo carros cada vez mais agressivos, com cara mais esportiva. O que a Mercedes está fazendo hoje é tentar dar um apelo mais jovem”, destaca o jornalista Jason Vogel, que é especializado em automobilismo.
Uma das estratégias para rejuvenescer a marca é o novo Classe A, que chega ao mercado europeu a partir de € 25 mil, o equivalente a R$ 67,5 mil. O antigo foi um modelo polêmico, mas vendeu bastante no Brasil até sair de linha. O carro capotou em um teste de estabilidade de uma prestigiada revista automotiva sueca, o que fez mal à imagem da Mercedes.
O segmento de importados enfrenta dificuldades no país. As vendas de carros fabricados no exterior caíram pela metade no ano passado, efeito, principalmente, do aumento do imposto. “O maior obstáculo hoje é a carga tributária no Brasil. Você tem o imposto de importação de 35%. Depois, o IPI e o ICMS”, afirma o vice-presidente de marketing Philipp Schiemer.
Mas a empresa não vai mal no país. Segundo dados de associações que representar o setor automotivo, a montadora alemã fechou o ano passado com a 16ª posição em vendas de automóvel no Brasil. Ficou na frente de marcas concorrentes BMW e Land Rover. A Audi, que já teve a preferência entre os importados, estava no 20º lugar.
Enquanto os carros da Mercedes fazem suas curvas de vendas ao sabor da política de importação, os caminhões trafegam em uma estrada mais tranquila. Inaugurada em 1956, a fábrica em São Bernardo do Campo foi a primeira linha de montagem de produção de caminhões no país, parte da estratégia de desenvolvimento do presidente Juscelino Kubitschek.
A empresa vende mais caminhões e ônibus no Brasil do que automóveis, ao contrário do que acontece mundo afora. “No ano passado, vendemos em torno de 44 mil caminhões no mercado brasileiro e 10 mil automóveis”, diz Schiemer. No entanto, o faturamento dos carros é bem maior do que o dos demais veículos. O maior mercado da Mercedes ainda é a Alemanha, embora projeções da montadora indiquem que, nos próximos três ou quatro anos, a China irá tomar o posto.
A trajetória do símbolo de três pontas se confunde com a história da locomoção sobre quatro rodas desde o fim do século XIX. Os homens que estão na origem da marca Mercedes Benz são nada menos que os inventores do automóvel.
Em 1886, Gottlieb Daimler desenvolveu um motor de apenas um cilindro que foi o primeiro mecanismo a produzir movimento a partir da combustão da gasolina, sendo pequeno o bastante para ser instalado em uma carruagem. Ao mesmo tempo, em outra cidade alemã, Carl Benz registrava a primeira patente de um veículo movido à gasolina.
Eles criaram empresas diferentes que, nos anos 20, se juntaram, dando origem à Daimler-Benz. Hoje, a Dailmer AG é a mãe da Mercedes Benz. Carl e Gottlieb, apesar de terem morado a algumas dezenas de quilômetros um do outro, nunca se conheceram pessoalmente.
Estas curiosidades estão contadas no museu da Mercedes em Stuttgart. O acervo passa por motores criados durante a Segunda Guerra Mundial, pela popularização do automóvel nos anos 50 e pela preocupação com segurança que surge nos anos 60. O espaço conta também a história de Emil Jellineck. Austríaco muito rico, ele gostava de correr e, no começo do século XX, era o principal cliente da firma Daimler. Como os carros da época não eram bons o bastante, ele encomendou a Daimler um carro especial, com uma série de inovações tecnológicas, como sistema para resfriar o motor, motor frontal, uma outra posição do volante e pneus de borracha. A equipe de Jellineck, que se chamava Mercedes em homenagem à filha do piloto, venceu a corrida de 1901 e o carro ganhou o mercado.
Apenas duas décadas mais tarde, quando a empresa de Gottlieb Daimler se fundiu à de Carl Benz surgiu o nome Mercedes Benz. É dessa época a adoção da estrela de três pontas, em que cada haste representa uma forma de transporte humano: na terra, na água e no ar.
Apesar de todo esse currículo, nem todo mundo associa a Mercedes ao DNA do automóvel. “Henry Ford foi o primeiro a popularizar o automóvel. Fez a linha de produção e, com isso, conseguiu baratear muito o preço e espalhou os carros dele para o mundo inteiro. Mas, bem antes disso, Daimler e Benz já faziam automóveis, só que não eram populares”, conta Jason Vogel.
Para o jornalista, a força é a principal característica da Mercedes. “É um tanque. Você sente que ele pode durar a vida inteira, ao mesmo tempo em que é elegante, bem acertado, tem bom motor. É perfeição técnica”, afirma. É isso que valoriza os carros da marca que têm décadas de uso.
As raridades se tornam troféus nas mãos dos colecionadores. No Classic Center, no subúrbio de Stuttgart, fica a oficina dos clássicos. Além de exemplares que pertencem aos arquivos da Mercedes, passam por lá anualmente cerca de 20 automóveis de colecionadores do mundo inteiro.
A restauração é minuciosa e, se a demanda justificar, peças não disponíveis podem ser fabricadas. “Nossa filosofia é que todos os carros em nossa coleção estejam prontos para serem dirigidos. É fundamental que funcionem”, aponta o responsável pelo arquivo, Michael Bock. Se fossem vendidos, alguns modelos poderiam custar entre € 50 e € 60 milhões.
Enquanto preserva o passado, a Mercedes Benz não descuida do futuro. A empresa trabalha em três linhas rumo à sustentabilidade. Existe o carro híbrido, que usa gasolina e eletricidade, o que é 100% elétrico e um outro que emprega a tecnologia conhecida como fuel cell, que não emite gás carbônico . O uso do hidrogênio ainda é polêmico, pois deve ser obtido a partir de outras fontes de energia, preferencialmente a eletrólise da água. “Ainda tem muitos obstáculos a vencer, principalmente no que se refere à infraestrutura para abastecer”, aponta Philipp Schiemer.
Segundo o vice-presidente de marketing, a tecnologia que deve estar disponível em menos tempo é a MB Inteligence Drive. “O carro é inteligente, consegue detectar situações do trânsito mais rápido do que o condutor e pode ajudá-lo a tomar as decisões corretas”, diz.
Inovar já faz parte da tradição. Dispositivos hoje corriqueiros, como o airbag e o sistema ABS, que evita o travamento dos freios, foram um dia ideias nas pranchetas das montadoras e seus parceiros. É o que pauta a Mercedes Benz até hoje, assim como o lema de Gottlieb Daimler: “O melhor, ou nada”.
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